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Normas técnicas impulsionaram brasileiros

O que era um desafio tornou-se um diferencial competitivo. A adaptação das empresas contábeis nacionais às normas internacionais de contabilidade, conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS) , é considerada um diferencial para profissionais e, agora, impulsiona a internacionalização dos negócios.

A adoção das normas começou em 2005, quando mais de 7 mil empresas europeias aderiram à padronização. No Brasil, o início ocorreu há uma década, a partir da publicação da Lei 11.638/2007 e da Resolução CFC 1.156/2009.

“O Brasil é rápido em adotar novidades e a adaptação às normas não foi diferente. A repercussão internacional foi positiva e colocou o País em uma posição importante quando o assunto é a prestação de serviços contábeis”, diz o diretor da Federação Nacional das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Sérgio Machado Approbato Júnior.

Thiago Santana, diretor de impostos da Crowe Horwath, concorda que a convergência às normas internacionais contribuiu para a internacionalização, já que a tendência é que os mesmos serviços sejam prestados em diferentes lugares. “A IFRS tornou a contabilidade uniforme e isso traz mais transparência e confiança para as empresas”, diz.

“No entanto, ainda temos uma barreira a ser ultrapassada, que é a questão do idioma, mas aos poucos isso também começa a ser vencido”, afirma Approbato. Estima-se que atualmente no Brasil apenas 5% da população fale um segundo idioma e que menos do que 3% tenha fluência na língua inglesa.

Burocracia

Outro ponto a destacar é que, além de não poder prestar serviços contábeis no Brasil sem registro no órgão de classe, o contador estrangeiro também se depara com questões burocráticas inexistentes em seu país de origem. “Há muitas dúvidas em relação a tributários e até sobre a abertura de empresas. Os investidores estrangeiros têm grande exigência em relação à contabilidade e muita preocupação em relação aos prazos. A parceria com empresas contábeis nacionais facilita todo este processo”, reforça Santana.

“Hoje temos cada vez mais profissionais capacitados porque nossas normas são internacionais. O que precisamos é reduzir a burocracia, porque é muito difícil para o investidor estrangeiro entender isso, e ele não quer correr risco. Os problemas existem e cabe aos profissionais do segmento da contabilidade mostrar todos os problemas possíveis e dar mais segurança para o investidor”, destaca o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), Márcio Massao Shimomoto.

Relato integrado

Uma nova oportunidade para profissionais da área é o Relato Integrado (RI). A proposta de criação do documento partiu do International Integrated Reporting Council (Conselho Internacional para Relato Integrado, ou IIRC, na sigla em inglês), uma coalizão global de reguladores, investidores, empresas, definidores de padrões, profissionais contábeis e ONGs.

O documento é um relato conciso sobre como a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas da organização, no contexto de seu ambiente externo, levam à geração de valor no curto, médio e longo prazos. “Consolidar as informações facilita a análise de dados por usuários, sociedade, acionistas e investidores e aumenta a transparência”, defende o vice-presidente técnico do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Breda. “Não são apenas questões contábeis que fazem parte do relatório, mas são todos os dados da companhia e, para isso, a empresa precisa estar disposta a divulgar efetivamente as informações.”

A tendência, conforme expectativas de representantes dos contadores, é que, com a efetivação desse procedimento nas companhias brasileiras, o trabalho do profissional da contabilidade se tornará ainda mais valorizado e beneficiado, já que a maioria das informações que compõem este relato sai da contabilidade. No entanto, o Brasil ainda está engatinhando no processo de adaptação a esse novo modelo de prestação de contas.

De acordo com Breda, cerca de 120 empresas brasileiras utilizam o RI, entre elas Petrobras e Itaú. “Por enquanto, são grandes companhias que querem demonstrar ao mercado que adotaram práticas saudáveis e de transparência, mas acredito que a tendência é que isso se torne prática também nas empresas de menor porte”, considera Breda. No mundo, cerca de 1.700 companhias já utilizam esse sistema.

Vale ressaltar que a adesão das empresas é feita de forma totalmente voluntária. Com o objetivo de ajudar as companhias nacionais, foi criada a Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI). “Estamos trabalhando para que nos próximos meses tenhamos um ato de adesão a esses princípios”, comenta o representante do CFC.

Fonte: DCI – SP

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