Na hora de gastar, muita gente se empolga e perde o controle das despesas. A fraqueza de Nicole, por exemplo, são os produtos de maquiagem. Ela diz que já estourou sua capacidade de pagamento do cartão de crédito. “A gente vai gastando e quando vê já está fora do nosso orçamento”, diz.
Perder as contas do cartão tem um custo altíssimo: em média 484% de juros ao ano, a maior taxa cobrada no mercado. Há quatro anos Brenda está sem cartão de crédito. A dívida do rotativo começou a acumular depois que ela perdeu o emprego. “Eu tinha vários cartões e virou aquela bola de neve. Não paguei e agora vou fazer negociação para pagar”.
É uma bola de neve que cresce cada vez mais. Com taxa de 15% ao mês no crédito rotativo, uma dívida de R$ 1 mil em três meses subiria para mais de R$ 1,5 mil. Em 12 meses, essa dívida ficaria acima de R$ 5 mil.
A partir de abril, o crédito rotativo do cartão só vai poder ser usado até o vencimento da fatura seguinte, ou seja, por 30 dias. De acordo com as novas regras do Banco Central, ou o cliente paga uma nova dívida ou o banco oferece uma nova linha de financiamento com o parcelamento da dívida e juros menores, um crédito mais barato que dê condições de pagamento ao consumidor.
Segudo o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito, Marcelo Noronha, os bancos já oferecem esse parcelamento. A média de juros é de 8% ao mês. Ainda é cara, mas é praticamente a metade do juro cobrado no rotativo.
Usando o mesmo exemplo dos R$ 1 mil com juros de 8% ao mês, em 12 meses o valor da dívida sobe para pouco mais de R$ 1,5 mil, um terço do valor pago no crédito rotativo.
“Isso facilita a previsão de cada consumidor para ajustar seu fluxo de caixa à sua realidade. E ele pode optar por um parcelamento num prazo menor, em aseis meses, em 10 meses ou em até 24 meses, dependendo do seu banco”, diz Noronha.
O governo acredita que a medida vai ajudar a reduzir os juros do rotativo no Brasil. O cartão pode ser um grande aliado se for usado de maneira inteligente. Isso para Jefferson significa nunca estourar a conta, até porque o cartão que ele usa é do pai. Ele diz que se não tivesse que devolver o que gastou já teria estourado o limite. “Eu vejo e já quero comprar, mas eu tenho que saber que se comprar não vou poder pagar”, diz.
Fonte: G1