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Autônomos ficam cautelosos e tendem a buscar proteção

De acordo com um estudo feito pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon em parceria com centros de estudos na Holanda e nos Estados Unidos, 44% dos autônomos brasileiros não estão completamente confiantes de que conseguirão uma aposentadoria confortável.

Do total de 1.100 entrevistados para a pesquisa, quase metade (48%) já afirma ter um “plano B” para o período e 34% já dizem poupar para quando se aposentarem.

Segundo o superintendente da Mongeral Aegon, Leandro Palmeira, a força de trabalho no Brasil representada por esses autônomos corresponde a 32% e o movimento tende a se intensificar frente o aumento do desemprego.

“É um reflexo do País, principalmente sobre o alto custo para o empregador devido aos encargos incidentes sobre a folha de pagamento”, explica o executivo.

Outro dado importante da pesquisa é que a renda anual média desses profissionais no Brasil é de R$ 24.570, menos da metade do observado mundial (R$ 59.535). Nessa linha, 50% dos entrevistados se sentem “muito responsáveis” por garantir uma renda na aposentadoria e 36% afirmam que continuarão a trabalhar por se sentirem preocupados com os benefícios da Previdência Social.

Para o especialista no setor e CEO do Buscaprev (site voltado para a comparação e contratação de planos previdenciários), Keyton Pedreira, a discussão da reforma da previdência no País trouxe um alerta aos brasileiros.

“Desde quando a reforma entrou em pauta, o movimento foi de aumento bastante significativo no primeiro trimestre deste ano e até mesmo nas pesquisas do termo previdência privada no Google. A preocupação já faz efeito no País”.

Em relação aos autônomos, porém, os especialistas entrevistados pelo DCI dizem que “o buraco é mais embaixo”.

De acordo com o professor de investimentos da Faculdade Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Valdir Domeneghetti, apesar de os autônomos já pagarem o modelo básico de contribuição da previdência social, há vários fatores que “despertam a necessidade” de investir na garantia de uma renda futura.

“Esses trabalhadores individuais vão se aposentar com um salário mínimo e é preciso racionalidade para ver é preciso algum tipo de apoio, seja previdência complementar ou aplicação, para que se mantenha a renda no futuro”, observa Domeneghetti, da Fipecafi.

Além disso, o professor ressalta que, mesmo com o possível atraso da implementação das reformas pelo Congresso frente a atual crise política do País, a conscientização precisa começar “o quanto antes”.

“A reforma mais cedo ou mais tarde virá e quanto mais as pessoas postergarem, pior será. O cenário, agora, só tem duas situações. Ou há um alto investimento por pouco prazo, ou o contrário, com baixas contribuições por altos períodos de tempo”, acrescenta.

Adesão gradativa

A aceleração do segmento, porém, pode ser vagarosa frente atual momento econômico e de incertezas do País, que deve postergar o crescimento para a maior retomada brasileira.

Segundo o superintendente comercial da Brasilprev, Guilherme Rossi, especificamente para os autônomos, impulsionados a criar os seus negócios pela necessidade de renda com o aumento do desemprego, a decisão pela previdência complementar deve esperar a “consolidação” da empresa.

“Se esse profissional aproveitou o momento de crise para empreender, o primeiro momento é de maturação do próprio negócio e o pensamento da reserva financeira é deixado de lado. Caso esse autônomo se consolide no médio e longo prazo, aí sim a acumulação vem”, considera.

Para Domeneghetti é importante “desmistificar” a privatização da previdência e ponderar, por outro lado, que o crescimento do setor será gradativo e só vira com a melhora da economia brasileira.

“Esses planos são apenas complementares à previdência social mas, com o desastre na economia que tivemos, é natural que a migração comece a acontecer. O investimento, porém, tem que ser bem pensado e é preciso conhecer suas restrições. Por isso, a adesão ainda será gradativa, pelo menos até que o ambiente melhore e a confiança volte”, conclui.

Fonte: DCI – Diário Comércio Indústria & Serviços

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