Por Ernesto Berg
Existe um princípio universal – o qual nunca foi tão verídico como hoje em dia – chamado regra de volta a zero que diz: “Quando mudam as regras, tudo sobre aquela coisa volta à estaca zero.”
Talvez você ache que isto seja um pouco exagerado, mas é só olhar ao seu redor para constatar que o preceito é verdadeiro.
Por exemplo, a gigante Kodak, fundada em 1888, a maior empresa de equipamentos fotográficos do mundo, em janeiro de 2012 solicitou concordata ao governo americano, uma pré-fase da falência. Desde então vem experimentando lenta e penosa recuperação. Durante o século XX, até a década de 80, a Kodak dominava amplamente o mercado mundial. A mudança maciça dos consumidores para a fotografia digital – que os concorrentes passaram a fabricar -, inviabilizou seu negócio de máquinas fotográficas tradicionais.
O curioso, e ao mesmo tempo surpreendente, é que a máquina fotográfica digital foi inventada na década de 70 por um funcionário da própria Kodak, a qual não interessou-se em fabricá-la por não acreditar no futuro da nova tecnologia, e por não querer investir num novo negócio. Seus bilionários investimentos eram direcionados para aquilo que eles já faziam tão bem: máquinas fotográficas tradicionais utilizando filme. Assim, ignoraram a nova e extraordinária oportunidade que surgiu bem diante dos seus olhos, que mudou completamente as regras do segmento fotográfico.
Outro caso clássico é o relógio digital. Inventado na década de 60, foi apresentado às empresas suíças, líderes mundiais do mercado de relógios naquela época. No entanto, essas empresas imediatamente descartaram a possibilidade de fabricar o relógio de quartzo, movido à bateria, porque fugia ao modelo tradicional de relógio de corda, mancal, mola mestra etc., no qual já haviam investido tanto dinheiro.
Então os idealizadores do novo relógio apresentaram seu invento nos Estados Unidos, no congresso mundial de relojoeiros em 1968. A Seiko interessou-se pelo invento e passou a fabricá-lo já em 1969, a um preço muito inferior aos relógios suíços. Em pouco tempo os japoneses dominaram mais de 60% do mercado mundial, enquanto que as empresas suíças, até então detentoras de 80% do comércio mundial, foram quase que totalmente à falência, sendo forçadas a demitir mais de trezentas mil pessoas em poucos meses. Novamente a regra de volta a zero em ação: “Quando mudam as regras, tudo volta à estaca zero.” O que torna este caso ainda mais singular e funesto, é que o relógio digital, movido a quartzo, foi inventado pelos próprios suíços. Mesmo assim, a invenção foi rechaçada por seus fabricantes conterrâneos. Só tempos depois a Suíça começou a fabricar relógios digitais a quartzo, quando já não lhe restava outra alternativa.
Acontece o mesmo no campo profissional. Imunize-se contra a regra de volta a zero. Estude e atualize-se ininterruptamente em sua área de conhecimento, e outras áreas correlatas, para que não acabe defasado e sem função quando as regras mudarem. Seu passado brilhante de nada lhe servirá na nova conjuntura. O único jeito de manter-se no alto é adaptar-se às mudanças e aprender as novas regras. Portanto não hesite nem tenha receio de fazer o que precisa ser feito, por mais que as mudanças possam parecer assustadoras – e às vezes são mesmo.
Regras de ação:
– Experiência de nada vale quando as regras mudam completamente.
– Estabeleça suas metas e mantenha o foco nelas; é sua garantia de sucesso.
– Estude e atualize-se ininterruptamente em sua área de conhecimento e áreas correlatas.
– Estabeleça uma rede de contatos (network) ativa e de qualidade que lhe dê respaldo quando necessitar de ajuda.
– Aprenda a “vender seu peixe”. Saiba expor e defender seus argumentos de forma convincente. Todos os estudos revelam que saber vender ideias é uma das características marcantes das pessoas bem-sucedidas.
– A única coisa que você deve temer de fato é o próprio temor.
Texto extraído e condensado do livro “O Poder da Liderança”, de Ernesto Artur Berg, Juruá Editora. Para adquiri-lo acesse www.quebrandobarreiras.com.br seção de LIVROS ou E-BOOKS, conforme opção.
Ernesto Berg
Consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 18 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos. Graduado em Administração e Sociologia, Pós-graduado em Administração pela FVG de Brasília. Foi executivo do Serpro em Brasília por 9 anos e consultor Senior da Alexander Proudfoot Company de São Paulo.