1 INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos, o conhecimento perante o mundo empresarial foi crescendo cada vez mais, e técnicas para desenvolver de forma eficaz as atividades que seriam realizadas foram surgindo, através do estudo das ciências de cunho financeiro. Administração, contabilidade, economia e gestão são fundamentais para a evolução de empresas, que deixaram de ser vistas apenas como forma de subsistência própria, para aparecer como meio de negócios, riqueza e supridora de serviços e necessidades humanas, tanto básicas quanto supérfluas.
Por trás da ciência existem profissionais responsáveis por realizar leituras técnicas empresariais, porém, mesmo com o avanço citado acima, muitos empresários relevam a presença de um gestor para tratar de suas finanças e acaba realizando, mesmo que de forma primitiva ou mais simples, as “demonstrações” do seu patrimônio.
A partir disso, será abordado no texto o fluxo de caixa, que se relaciona ao mesmo tempo na realização por profissionais ou uma forma mais simples elaborada por um empresário não formado nas áreas financeiras.
2 DESENVOLVIMENTO
O fluxo de caixa é uma ferramenta para controlar a movimentação financeira que ocorre dentro de uma empresa, registrando as entradas e saídas de capital para posterior verificação e análise a partir das informações que serão encontradas. José Eduardo Zdnowicz (2001) conceitua o Fluxo de Caixa como sendo o instrumento que relaciona o conjunto de ingressos e de desembolsos de recursos financeiros pela empresa em determinado período.
A partir do registro dos fluxos feito pela Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) é possível projetar e administrar, de uma forma organizada, os recursos disponíveis para futuros períodos. Essas informações tornam-se um instrumento para tomada de decisões pelo gestor, pois ele terá dados suficientes para basear sua estratégia para planejamento em um curto espaço de tempo.
O processo de controle de registro das entradas e saídas é considerado flexível, pois mesmo com a projeção futura destes gastos, durante o exercício financeiro da empresa existem despesas e receitas correntes ou inesperadas. Devido este motivo, a atualização dos fluxos deve ser constante, mesmo que a informação a ser adicionada não tenha um valor tão significativo.
2.2 REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA
Para explanar um conteúdo sobre fluxo de caixa, faz-se necessário abranger conceitos de regime de competência e regime de caixa. Regime de competência decorre do princípio contábil da competência, onde diz que as receitas e despesas devem ser contabilizadas no momento em que ocorrem, independentemente do pagamento/recebimento integral ou não, pois devem ser analisadas no exercício em que acontecem, para que as demonstrações contábeis possuam valores reais do período financeiro de uma entidade, e não seja distorcido.
Portanto, é o regime aceito e trabalhado como prioridade para lançamento de fatos geradores. O regime de caixa conceitua-se pelo contrário: as receitas e despesas são contabilizadas de acordo com o embolso ou desembolso financeiro, entrada ou saída de recursos, e não apenas por valores integrais. O regime de caixa distorce as demonstrações pelo fato de desintegrar os valores de um determinado exercício financeiro, onde o interessado em realizar a leitura desses dados não conseguirá tomar decisões com base em documentos com informações em pedaços.
Porém, mesmo com a distorção existente, o regime de caixa é importante para ligar a parte financeira (fluxo de caixa, DFC) com a parte competente e integral (demais demonstrações contábeis) lançadas pelo regime de competência.
Para Carlos Alberto di Agustini (Capital de giro, 2ª ed., pag 19):
“No regime de caixa praticamente não há sentido algum em fazer o balanço patrimonial e a demonstração de resultados, porque não oferecem utilidade prática. Uma planilha com o fluxo de caixa da empresa, contendo as programações e projeções de pagamentos e recebimentos no tempo é muito mais importante para a gestão do capital de giro.”
A aplicação do fluxo de caixa por um gestor financeiro, se registrada periodicamente, permite que seja identificada sobras ou faltas de receitas, o período em que ocorrerá, de onde será provida e quais medidas serão utilizadas para resolvê-las, evitando que o mesmo problema volte a ocorrer.
2.2 OBRIGATORIEDADE DO FLUXO DE CAIXA
A lei nº 11.638/2007 alterou e revogou alguns dispositivos da Lei nº 6.404/76 e da Lei nº 6.385/76, que vigora desde 01/01/2008, trouxe a obrigatoriedade da apresentação da DFC por sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
Na redação da mesma lei, também é indicado o mínimo de demonstrações de fluxo a serem apresentadas, com diferentes áreas de registro:
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações; b) dos financiamentos; e c) dos investimentos;
A elaboração da DFC também é obrigatória para as PMEs (Pequenas e Médias Empresas), conforme a NBC TG 1000. Portanto, a DFC é obrigatória a todos os portes societários, onde deve ser apresentada pelo menos no fim de cada exercício, juntamente com as demais demonstrações financeiras.
2.3 TIPOS DE FLUXO DE CAIXA
Existem os fluxos de caixa operacional, para financiamentos e investimentos, de acordo com o artigo citado acima, e também existe o modo direto e indireto. O fluxo de caixa operacional, como o próprio nome supõe, é utilizado para financiar as operações do dia-a-dia da empresa: reposição de estoques, eventos inesperados, pagamento de colaboradores, entre outras atividades responsáveis por manter a empresa em funcionamento.
O fluxo de caixa para financiamentos é responsável por empréstimos e financiamentos que são dedicados a pagamento e
movimentação do caixa da empresa; pode ser originário de empréstimos bancários ou do próprio patrimônio líquido.
As atividades de fluxo de caixa para investimentos é, de fato, uma forma de investimento de recursos próprios para investimentos próprios, como por exemplo a compra de imobilizados, máquinas e equipamentos, capital de giro, entre outras operações que envolvem o ativo permanente ou o mercado financeiro.
O método direto de fluxo de caixa contabiliza os fatos de acordo com sua natureza contábil (partidas dobradas), trazendo uma informação organizada e sem risco de confusão com valores. As entradas operacionais menos as saídas operacionais é igual ao fluxo operacional, que realiza a geração das contas não operacionais de caixa, e resulta na variação da disponibilidade.
Por último, neste segmento, o método indireto traz as variações no caixa que decorrem das atividades operacionais, identificadas pela forma de comportamento do capital de giro e pela montagem da DRE, sem especificar de onde surgiram ou pra que contas foram determinados valores. O lucro líquido somado ou diminuído aos ajustes, resultam na geração interna e operacional de caixa, que somadas ou diminuídas resultam no fluxo operacional e na geração não operacional de caixa, que somadas ou diminuídas, resultam também na variação do disponível.
2.4 DEMONSTRATIVOS DE FLUXO DE CAIXA
Existem algumas diferentes formas de elaborar um fluxo de caixa, de acordo com seu modelo ou complexidade. A relação de entradas e saídas de recurso é exibida em apenas uma reta, onde de acordo com a data de seu acontecimento, ficam sobrepostas. Não existe ordem para os fatos, pois eles acontecem de acordo com a atividade da empresa. É uma forma de escrita considerada mais simples para entendimento e acesso de todos os leitores.
Como dito no capítulo 2.3, que trata dos tipos de fluxo de caixa, o método direto considera as partidas dobradas como requisito fundamental para avaliação de um determinado exercício social. Como no exemplo, expõe e utiliza as contas contábeis específicas para cada operação, agregando cada valor à sua conta original (de onde surgiram e onde foram aplicadas).
O método direto é utilizado para calcular o ajuste do lucro ou prejuízo líquido em base às mutações advindas nos estoques e nas contas operacionais, nos itens que não afetam o caixa (depreciações, provisões), trazendo assim um resultado com informações de fato proveniente das operações realizadas e demonstra o real disponível da empresa. Porém, não possui um formato muito amigável.
2.5 GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA DAS EMPRESAS
Como dito no capítulo 2.2, o fluxo de caixa deve trabalhar de forma conjunta com o regime de competência. São duas visões que se complementam e ajudam o gestor, personagem principal desde capítulo, a tomar decisões com base na análise dos resultados de um determinado exercício, através da DRE ou do controle financeiro, que é menos abrangente, porém possui a capacidade de gerar informações rápidas e não menos importantes.
É a falta de gerenciamento que gera fracassos nas empresas, que segundo uma pesquisa divulgada pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas), o tempo previsto de sobrevivência de cinco anos, somente.
A gestão através do fluxo de caixa vai muito além do comprometimento em realizar ou contratar alguém para organizar dados que irão compor esta demonstração, mas sim, verificar a competência do profissional que irá realizar a leitura e trará um significado para vários números. Dessa forma, o gestor é responsável por ter uma percepção mais abrangente do investimento, endividamento e rentabilidade do caixa da empresa.
O planejamento financeiro é a ferramenta utilizada na gestão de fluxo de caixa, por meio dele o gestor cria projeções em cima dos fluxos de investimento, financeiro e operacional, evidenciando os efeitos favoráveis ou desfavoráveis de uma situação. Com acesso à esses dados, existe a diminuição da margem de erro em decisões e, consequentemente, o aumento de acertos.
“Os planos financeiros e orçamentos fornecem roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além disso, esses veículos oferecem uma estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa e atuam como mecanismo de controle estabelecendo um padrão de desempenho contra o qual é possível avaliar os eventos reais.” Gitman (1987: pág. 250)
Uma empresa não é feita somente de eventos pré-programados, e está sujeita a eventos que fogem do seu planejamento, do seu fluxo, das suas despesas, e que mesmo fora da programação devem ser enquadrados a mesma. Uma visão ampla de como se encontra a saúde financeira da empresa é essencial para que não haja um desgaste há procura de formas para pagar uma reforma no cano estourado ou de uma compra de um novo teclado para o computador, sendo que pode ser rapidamente resolvida com um conhecimento a mais da situação financeira, o famoso planejamento financeiro.
3 CONCLUSÃO
O surgimento de novos empreendedores trouxe a importância de utilizar ferramentas contábeis não somente com o intuito de prestar contas ao fisco, mas de ser úteis como ferramenta de gestão.
O fluxo de caixa, o planejamento financeiro e a gestão empresarial são instrumentos que andam juntos e devem ser elaborados de forma a conversarem entre si, tornando-se um sistema integrado de ideias com os mesmos dados: embolso e desembolso de recursos, eventos passados, presentes e futuros, análise desses eventos e divulgação das informações às pessoas interessadas.
A exigência do mercado, tanto de trabalho como de ações, em requererem pessoas especializadas e produtos/serviços que atendam suas necessidades, trouxe consigo a mudança da estrutura organizacional, onde a prioridade agora é a satisfação tanto do público interno (colaboradores) quanto do público externo (clientes), pois a concorrência bate à porta e exclui do sistema empresa com falta de visão estratégica.
Portanto, pode-se concluir que o contexto mundial agregou mais valor a competitividade mercantil, fazendo com que as empresas controlem e invistam na visão teórica sobre suas demonstrações, para que haja um entendimento comportamental e suas tendências financeiras futuras, a fim de alcançar os objetivos da atividade empresarial.
REFERÊNCIAS
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